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Biografia

Katia Guerreiro é considerada uma das mais importantes fadistas entre o final do século XX e o início do século XXI. Ela certamente faz e sempre fará parte da História do Fado, ao lado daqueles que nos deixaram sua herança – daqueles que por mais de um século ajudaram a construir, desenvolver e preservar a dignidade desta forma de canção. Como eles, Katia Guerreiro foi, um dia, inadvertidamente, marcada pelo fado por ser fadista…  

Nascida a 23 de Fevereiro de 1976, na África do Sul, Katia Guerreiro muda-se, ainda criança, para a ilha de São Miguel, nos Açores. Aos 15 anos, inicia o seu percurso musical a tocar viola da terra (instrumento tradicional do Arquipélago) no Rancho Folclórico de Santa Cecília. Lisboa, anos mais tarde, será o seu próximo destino, onde frequenta o curso de Medicina, concluído em 2000. Durante esses anos académicos, mantém, no entanto, uma intensa ligação à música: primeiro como vocalista de uma banda de rock dos anos 60, Os Charruas, e mais tarde pela mão de João Mário Veiga, em carismáticas tertúlias e serões de Fado da Capital. 

E é em 2000 que tem início a sua carreira musical no fado, quando se apresenta no concerto de homenagem a Amália Rodrigues, no Coliseu de Lisboa. Na altura, tanto a crítica como o público rendem-se à sua interpretação de “Amor de Mel, Amor de Fel” e de “Barco Negro”, tendo sido considerada a melhor atuação da noite. 

discografia

Na sua discografia conta com FADO MAIOR (2001), disco de estreia onde se destacam, “Asas” e “Amor de Mel, Amor de Fel”, dois dos mais importantes êxitos da sua carreira; NAS MÃOS DO FADO (2003),o início de uma homenagem aos maiores nomes da literatura  portuguesa; TUDO OU NADA (2004), a continuação da homenagem aos grandes poetas e com a participação do falecido pianista Bernardo Sassetti, que a acompanha na faixa “Minha Senhora das Dores”; FADO (2008),onde edita pela segunda vez, uma letra de sua autoria “A Voz da Poesia” com música de Rui Veloso; OS FADOS DO FADO (2009), um álbum em que recria alguns dos mais célebres fados dos repertórios de Tony de Matos, Max, Tristão da Silva, Hermínia Silva, Teresa Silva Carvalho, João Ferreira-Rosa e, claro, Amália Rodrigues; 10 ANOS – NAS ASAS DO FADO (2010), o grande reconhecimento da sua carreira internacional e os seus 10 anos de Fado; ATÉ AO FIM (2014), um disco de originais, produzido por Tiago Bettencourt e que marca uma viragem na sua carreira com a participação de Pedro de Castro e Luís Guerreiro, nas guitarras, João Mário Veiga e André Ramos, nas violas e Francisco Gaspar na viola baixo; SEMPRE (2018) ,produzido por José Mário Branco, um dos nomes maiores da história da música portuguesa. Este disco revela mais uma vez o grande reconhecimento artístico da fadista, no que diz respeito à sua capacidade interpretativa. 

No início de 2022, Katia Guerreiro avança para um novo disco de originais e convida, Pedro de Castro e Tiago Bettencourt para produzirem aquele que se viria a chamar de “Mistura”. 

Em 2018 nas edições do “Sempre” ficaram dois temas guardados, que não chegaram a ser editados. Foram igualmente produzidos pelo José Mário Branco e recuperados para desta vez fazerem parte da “Mistura” de Katia Guerreiro.

Poetas e compositores

A poesia sempre foi um dos maiores desafios da sua carreira. Na escolha de repertório em todos os seus discos há um importante destaque para alguns dos maiores nomes da literatura portuguesa, a par com novos talentos e alguns poetas populares do mundo do fado. Luís de Camões, Florbela Espanca, António Lobo Antunes, José Carlos Ary dos Santos, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, António Gedeão, David Mourão Ferreira, Amália Rodrigues, Maria Luísa Batista, Paulo Valentim, João Mário Veiga, Carlos Leitão, Fernando Campos de Castro, Helder Moutinho, José Fanha, Tiago Bettencourt, João Monge, Manuela de Freitas, entre outros, tem permitido a Katia Guerreiro a divulgação da poesia e língua portuguesa por todo o mundo. 

Para além de uma série de adaptações de poemas originais com o vasto cancioneiro do fado tradicional, tem cantado compositores, como, Paulo Valentim, João Mário Veiga, Pedro de Castro, Silvestre Fonseca, Dulce Pontes; Alain Oulman, Paulo de Carvalho, José Fontes Rocha, Teresa Silva Carvalho, Helder Moutinho, Tiago Curado de Almeida, Artur Ribeiro, João Ferreira Rosa, Tiago Bettencourt e José Mário Branco. 

participações

Em Março de 2006, a convite do Diretor do Centro Cultural Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, Katia apresenta nesta instituição uma conferência/concerto denominada O FADO (o primeiro evento do género, para este tipo de música), com o musicólogo e Professor da Universidade de Évora, Ruy Vieira Nery.

Em Dezembro de 2013, é a artista portuguesa convidada para atuar no 50º Aniversário da Europa Nostra, no Palais-de-Beaux-Arts em Bruxelas, sendo aplaudida de pé pelo maestro Plácido Domingo. 

Durante o ano de 2019, Katia Guerreiro dá voz a canções dos Anaquim, Dany Silva e Renato Júnior, participou no Tributo a Celeste Rodrigues e na “Ópera Spectacular”, de Yolanda Soares.

Katia Guerreiro tem colaborado com alguns dos mais importantes músicos e interpretes do mundo como, Maria Bethânia, Amina Alaoui, Plácido Domingo, Rui Veloso, Martinho da Villa, Alcione, José Renato, Santos & Pecadores, Tiago Bettencourt, Marisa Liz, Miguel Gameiro, Rogério Charraz, Anselmo Ralph, Ensemble Basse-Normandie, Husnu Selenderici, Chieko Kojima, Júlio Resende, Noidz, José Mário Branco, para além de um dos nomes mais lendários do fado, a falecida fadista Celeste Rodrigues. 

orquestras

Desde 2005 tem colaborado com várias orquestras sinfónicas e em 2010, faz uma digressão em dez cidades francesas com Ensemble Basse-Normandie, que, não sendo indiferente ao seu talento e ao seu sucesso em França, a convida para um projeto em conjunto.

Em 2019, apresenta-se em um concerto em Zagreb, Croácia, dia 22 de Fevereiro, acompanhada pelos seus músicos e pela Zagrebacka Filharmonija (Orquestra Filarmónica de Zagreb), dirigida pelo conceituado maestro Dario Salvi.

Katia Guerreiro tem também colaborado com as Orquestras Clássica do Sul, Metropolitana de Lisboa, Orquestra Chinesa de Macau e Orquestra da Gulbenkian. 

Prémios e condecorações

O seu primeiro CD FADO MAIOR, editado em 2001, chega a Disco de Prata, sendo nomeado para o Prémio José Afonso e pioneiro na Coreia do Sul, onde entra para o top de vendas.

Em 2003, é novamente nomeada para o Prémio José Afonso com o seu segundo disco NAS MÃOS DO FADO.

Nas comemorações do 30º aniversário da Revolução de Abril em 2004, Katia Guerreiro foi uma das 30 personalidades distinguidas entre as que se notabilizaram, nas mais diversas atividades, nestas primeiras décadas da democracia portuguesa.

A convite do Ministro da Cultura e Comunicação de França, Mr. Donedieu de Vabres, em 2005, Katia participa nos RENCONTRES POUR L’EUROPE DE LA CULTURE, realizados na Comédie Française, em Paris, a par com grandes nomes da cultura europeia e mundial, tais como Tereza Berganza, Jeanne Moreau, Costa Gavras, Barbara Hendricks. Katia termina a sua intervenção – que inclui um discurso na sua própria língua – com um aplaudidíssimo fado cantado «a capella», como ilustração deste género musical. A sua eloquente defesa da identidade cultural de cada estado-membro da União Europeia vale-lhe a nomeação, no ano seguinte, de Membro do Parlamento Europeu da Cultura.

Como corolário da excelência do seu trabalho recebe, em Fevereiro de 2006, o prémio PERSONALIDADE FEMININA 2005, disputado pelos nomes mais importantes do panorama musical português, sendo considerada “uma das mais bonitas vozes da atualidade, aliada a uma invulgar capacidade vocal”.

Em Maio de 2010 – ano em que celebra os seus dez anos de carreira artística – Katia recebe o prémio de “Melhor Intérprete” da Fundação Amália Rodrigues, que atribui anualmente os Prémios Amália.

Katia Guerreiro, em Dezembro de 2013, é condecorada pelo Governo Francês, com a Ordem de Artes e Letras, no Grau Chevalier, que a reconheceu como uma das mais notáveis representantes da cultura portuguesa em todo o mundo e uma das mais brilhantes cantoras da sua geração.

Em Janeiro de 2015, Katia é condecorada pela Presidência da República Portuguesa, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo seu contributo inestimável para a divulgação da cultura portuguesa e para a sua projeção de Portugal no mundo.

Em Outubro do mesmo ano, Katia Guerreiro é nomeada para o prestigiante prémio “Lunas del Auditório” (México) que premeia os melhores espetáculos ocorridos em território mexicano durante um ano. O seu concerto na Cidade do México em Outubro de 2014, foi considerado um dos cinco melhores, na Categoria de Música Tradicional. 

documentários

No início dos anos 2000, a cadeia japonesa de televisão NHK, reconhecendo em Katia Guerreiro um valor incontornável da música portuguesa, faz deslocar a Portugal uma equipa de jornalistas para produzir um documentário de uma hora sobre a sua carreira e vida. 

Em 2004, o prestigiado canal cultural francês TV Mezzo produz um filme que lhe é inteiramente dedicado. 

salas e grandes concertos

Em 2004, Katia Guerreiro brinda a França e o Japão com dez atuações em cada um dos países. 

Ainda neste ano, Katia recebe um convite para inaugurar uma nova Sala de Concertos em Berna, na Suíça, e também para um espetáculo na Ópera de Lyon, em França.

Em 2010, após um ano intenso de concertos por todo o mundo, incluindo uma digressão em dez cidades norueguesas, as comemorações do 10º aniversário de carreira culminam com dois espetáculos grandiosos: em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, e em Paris, no Alhambra, e com a edição do álbum duplo, 10 ANOS- NAS ASAS DO FADO, onde reúne os melhores momentos da sua discografia e inclui duetos originais com vários artistas.

Katia Guerreiro, em Janeiro de 2012, pisa pela primeira vez o palco do mítico Olympia em Paris, com sala esgotada. Um espetáculo que deu origem ao seu primeiro CD/DVD ao vivo KATIA LIVE AT THE OLYMPIA, editado em 2013.

Em Janeiro de 2016, Katia dá um concerto memorável na Grande Salle de L’Opéra de Lyon e torna-se a primeira artista portuguesa a cantar naquele palco. A propósito, a Tour 2016, que começa e termina em França, passa também pela Noruega, Brasil, Espanha e Portugal, onde, como embaixadora do Festival “Adoramos a nossa Gastronomia com Coca-Cola”, atua em várias cidades do país.

Katia concretiza, em 2017, o grande sonho de partilhar o palco com um dos artistas que mais admira, o Maestro Plácido Domingo. O desejo comum de cantarem juntos tornou-se realidade em Maio deste ano num espetáculo memorável no MEO Arena, em Lisboa.

O seu concerto na Catedral do Luxemburgo em Junho de 2017, foi considerado “um momento único e histórico para a cultura portuguesa e para a multiculturalidade do Luxemburgo.”

Em 2019, atua em Bezons e Paris (França), Zagreb (Croácia), Bruxelas (Bélgica), Madrid e Segóvia (Espanha), Trondheim (Noruega), Lagos, Alcácer do Sal, Fundação Aga Khan, Guarda, Braga, Vila do Bispo, Loures, Palácio da Cruz Vermelha, Mafra, Avis, Monsaraz, Valpaços, Tavira , Aeroporto de Faro e no Santa Casa Alfama. No final deste ano, Katia Guerreiro apresentou-se  no Coliseu do Porto, num espetáculo em que homenageou o produtor musical do seu último disco SEMPRE, José Mário Branco.

Desde o início de sua carreira, Katia tem-se apresentado em grandes salas de concerto por todo o mundo: do Centro Cultural de Belém, aos Coliseus de Lisboa e Porto, à Filarmónica de Berlim, Théâtre de la Ville (Paris), Centro Cultural de Tjibaou (Nova Caledónia), Théâtre de La Sucrière (Marselha), Saikacho Sogo Fukushi Center (Nagasaki), Kokusai Forum (Tóquio), Melparque Hall (Osaka), Opéra de Lyon, Catedral de Reims, Olympia de Paris, Palais Beaux-Arts (Bruxelas), Opéra de Vichy, Théâtre Nacional Mohammed V (Rabat), Opéra de Rennes, Sala Sinfónica CCK (Buenos Aires), Teatro Nescafé de Las Artes (Santiago do Chile), Teatro Mayor (Bogotá), Gran Teatro Nacional (Lima), Opéra de Rouen Normandie | Chapelle Corneille a Opera House (Ankara). 

festivais

Katia Guerreiro tem sempre tido o seu talento reconhecido no estrangeiro, sendo convidada para representar Portugal em importantes festivais de música, como “Arts Alive”, na África do Sul, “Voix de Femmes”, em Marrocos, “Festival Internacional de Dança e Música de Banguecoque”, na Tailândia, entre outros.

Em Dezembro de 2015 atua no concerto de encerramento do Festival Sefarad de Montréal no Canadá. O espetáculo “Trilogia Andaluza” reuniu em palco a cantora marroquina Amina Alaoui, o cantor de flamenco, Marcos Marin e o Ensemble Okto-Echo dirigido por Katia Makdissi-Warren, também directora artística do festival. 

Katia Guerreiro, em Março de 2017, é convidada para atuar no Al Bustan Festival em Beirute. Em 2017, o conceituado festival libanês teve como tema “Rainhas e Imperatrizes do Oriente”. Em Agosto desse mesmo ano apresenta-se no Festival Internacional de Teatro de Mérida, no espetacular Teatro Romano onde partilhou o palco com Arcángel e Las Nuevas Voces Búlgaras.